E assim foi, assim foram, assim está sendo e assim será. Uma folha, um lápis, ou uma caneta, não me lembro bem, mas lembro do início, da página branca, virgem para a tinta molhada deste ser, pura para receber as primeiras palavras ainda sem noção, sem pretensão alguma, apenas a vontade nova de expressar algo no papel, este cândido amigo, preparado para o que viesse ele receberia deste pequeno homem despreparado nas letras e na vida, mas, de certa forma, preparado para deixar seus sentimentos na folha em branco, toda alva num alvo de registros, mas pronta para abraçá-los com carinho e boa vontade, prestativa para com a vontade do menino ansioso, que mal sabia o que dizer, só certo estava de que algo seria ejetado de seu ser, de sua alma, de seu cerne. Vinte anos exatos se passaram e a vida mudou. Mudou e ainda muda, e na muda voz permanece a paixão pela escrita iniciada no dia 16 de abril de 1990, data comemorativa para este pequeno ser, mas mais comemorativa pelo nascimento de alguém encantador como Spencer, o famigerado e adorado Charles Spencer Chaplin, que escreveu sua poesia nas telas através dos gestos e trejeitos simplórios e pueris dentro da película que não falava, na linguagem muda que mudou a arte de fazer sorrir e chorar seres sensíveis que mudam o mundo surdo e cego, mas que abraçam o coração até daqueles que não o têm. E para quem tem, acredito eu, como eu, a primeira página de vinte anos atrás marcou um ofício, por vezes difícil de realizar, mas fácil no sentir, e por assim dizer, o prazer do deleitar não em busca do sucesso, mas o de confeccionar a alma escrita. A necessidade de se ler e ler o que se vive, o que se sente, o que se é. Vinte anos se passaram e passarão mais deles, e sem poderes, agradeço quem lê, quem me vê e quem me inspira ao escrever. Obrigado a todos.
João Aranha
15/04/2010