Um país se faz de homens. Não de livros.
Olá, pessoas! É engraçado… tá bom, tá bom, não é engraçado, é triste, e é verdade mesmo. É triste ouvir notícias por aí em todos os meios, mídias e multimeios as notícias da criminalidade, as famigeradas notas sobre a facção criminosa, o tão falado Primeiro Comando da Capital, com a sigla também mais ouvida nos últimos dias e meses, o PCC. Digo triste porque pessoas morrem a cada dia, pessoas que sequer tem a ver com qualquer criminalidade estão sendo mortas ou gravemente feridas por um bando de criminosos sem escrúpulos. Triste saber que não temos mais sossego nos dias de hoje, principalmente na capital paulista. Triste eu sei, mas considero engraçado, não no sentido de rir, óbvio, mas ver a ironia não só de análise, mas a ironia com que as coisas acontecem, a começar pelo nome do grupo. Pois é, pessoas, o próprio nome já diz, “Primeiro Comando da Capital”. O que você espera de um grupo que tem esse nome decodificando suas simpáticas siglas? Bom, esperar ninguém espera, mas entende que, pelo menos, faça jus ao nome, alias, diria que é uma das poucas siglas que a gente vê na TV que exerce a proposta da alcunha, ou seja, ela é, hoje, o primeiro commando da capital mesmo, diria mais, diria o primeiro comando federal, pois além de mandarem na capital e interior está comandando a nação inteira, gerando caos, medo e incertezas mil nas cabeças habitantes dessa terra ainda verde, com governantes que amarelam, com muita gente sem sangue azul e que na hora de fazer o que precisa, vem aquele branco.
Um grupo que dita as regras nessa terra continental, um grupo que mostra sua força interna e externa deixando claro (por sinal, expondo muito bem) todo o seu poder, sua tática, sua estratégia de trabalho, sim, por que não falar trabalho? Uma orgnização que poucos tem por aí, um grupo que arrecada dinheiro com uma administração impecável, uma fidelidade de clientes e uma execução de tarefas e delitos impecável, não acham? Uma trupe que manda e desmanda no país sem sair de seu retiro acadêmico. Sim, acadêmico, ué, não acham? Um lugar onde se aprende a ler, se aprende a administrar grupos, agendar tarefas, fazer contabilidade, networking business, liderança de equipe, estratégia de comunicação, prática do discurso, como falar em público, ações de marketing de guerrilha, branding extremamente forte, fidelização de clientes, propaganda corporativa, institucional e também propaganda que não é enganosa nunca. Hoje mesmo li uma nota na internet sobre este grupo, equipe, partido, enfim, que os ataques em São Paulo tinham diminuído, mas que atacarm somente no interior do estado. Pois bem, não falei que eles sabem tudo de marketing direto? Fico imaginando o CEO Marcola e seus executivos nas reuniões com a TV de plasma (típica em sala de reunião) dizendo com um retroprojetor num data show fodão: “Então, agora vamos atacar só no interior, pois nosso budget da capital já foi utilizado, mas como temos verba garantida, tentaremos um outro target, um público-bem-alvo que ainda não tem conhecimento de nossa empresa e de nossos serviços, ok? Algum comentário? Tudo bem, vamos pra pelada que hoje tem solzinho e depois dia de visitas.
Eu acho formidável essa academia, uma faculdade que reúne não só os seres pensantes do país, não importando a ética (isso importa?), mas sim a valorização do saber fazer num mercado tão competitivo como este nosso, né?
Uma faculdade séria que pega os melhores e fazem aquela panela de malfeitores excepcional, uma raridade de seres politicos que cumprem com a palavra, que sabem conduzir seus negócios obedecendo a verba arrecadada de impostos dos fiéis trabalhadores e seguidores deste baú que transborda felicidade.
Eu fico satisfeito de ver que está tudo sob controle, fico tranqüilo em saber que o ônibus que pegou fogo semana passada (aqui no bairro mesmo) não foi o que eu pego, assim fico sabendo que está tudo tranqüilo e também quem morreu eu não conheço, então está tudo ok, na mais perfeita ordem, né não?
Gosto de caminhar pelas ruas e sentir aquele clima adorável de Oriente Médio, sabe? Gosto de culturas orientais, então, vamos fazer o benchmarking e copiar as melhores coisas dos outros países, vamos importar a Faixa de Gasa (que deveria ser Faixa de “Gase”) e curtir os benefícios d uma guerrilha urbana e descontrolável. Eu acho bem interessante pra mostrar aos países ricos que, além de termos jacaré nas ruas, macacos nos postes e muitas bundas em fevereiro e gols (gols?) em junho mostremos que também temos estrutura suficiente para atentados, terrorismos, temos espaço a dar com pau, a dar com cacetete, a dar com os burros n’água também. Vamos globalizar as coisas boas deste mundo, vamos abaixar as cabeças e louvar nossos ditadores enclausurados nos resosrts cumprindo totalmente a lei e nós enclausurados entre portões, trancas, grades e guaritas pagando todos os impostos (ai de quem não pagar) por uma lei honesta, rápida e pensada nos cidadãos que exercem a verdadeira cidadania.
Vamos fazer esta faculdade, ou, melhor ainda, vamos votar nos senhores desta academia que do país um orgulho, um exemplo de ordem em plena desordem nacional.
Eu acho fundamental a participação, o gesto de cidadania para com os nossos senhores, aqueles seres inteligentes (foda-se o caráter, como já disse) que vêem o sol nascer quadrado (ou será se por? Não sei pra que lado fica a janelinha da cela) mas têm tv de plasma, tem dias de visita, Natal e o escambau. Nós temos a liberdade de escolha, um país cheio de demo e pouca cracia, onde, infelizmente, a honestidade e o trabalho não dão direito à tv de plasma, mas sim o pleno direito de estarmos em pequenas células, um citoplasma, mas que não enxergamos a porra de um núcleo, muito menos a merda de um nucléolo.
Ano de eleições e a briga está acirrada, as pesquisas não param, entre esquerda e direita, onde cada lado tem sua razão, eu fico com o lado central, liberal, anárquico, caótico e que faz o primordial: separar o bem do mal.
Vou votar neste forte partido, pois os outros não são partidos, eles estão partidos.
Viva a liberdade de ex-pressão!
Viva a vida e vamos respeitar os trabalhadores inteligentes, afinal, eles pegam vários ônibus por dia… E olha que é fogo agüentar…
João Aranha
17/07/06